26 de abril de 2024
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Zeca endossa Delcídio na aliança contra PMDB e insiste em vice do PT

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Se for consumada a “aliança branca” com o PSDB para que o deputado federal Reinaldo Azambuja se candidate a senador em troca de apoio à eleição de Delcídio Amaral, o ex-governador Zeca do PT acha desnecessário e sem propósito cobrar do parlamentar tucano o compromisso de não fazer oposição à presidenta Dilma Roussef, caso esta se reeleja. Do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde foi conversar com o ex-presidente Lula, por telefone Zeca disse estar de acordo com o pensamento de Delcídio no sentido de garantir o não-isolamento do PT, ampliando o arco de apoios em torno de sua candidatura ao Governo em 2014, e que a “aliança branca” não tem o caráter de selar compromissos formais como esse. Delcídio e presidenta Dilma Roussef - Foto Ricardo Stuckert1   Reinldo Azambuja e Aécio Neves - Divulgação1 “Conheço o PT. E percebo que, no Estado, o PT e o petismo decidiram derrotar a arrogância do André Puccinelli, mesmo que tenhamos de fechar os olhos para alguns encaminhamentos, desde que estes não firam a ética e não imponham a nós a renúncia ao nosso programa e nossos ideais”, assinalou Zeca. O ex-governador defende que o debate sobre as alianças seja feito dentro do partido, mas considera legítima a opção de Delcídio em buscar uma “aliança branca” na disputa. A aliança branca em questão seria com o PSDB deixando de disputar o Governo para lançar comente o candidato ao Senado, em troca de apoio mútuo com a candidatura de Delcídio ao Governo. Sobre as alternativas de chapas majoritárias envolvendo o PT, Zeca reafirmou ser contra a abertura da vaga de vice-governador para nomes de outros partidos, como o DEM do deputado estadual José Teixeira. E reforçou a pregação a favor de uma indicação do próprio PT, para, no mínimo, repetir o desempenho de 2010, quando o partido obteve 43% dos votos dos sulmatogrosenses. CENÁRIO – O posicionamento de Zeca vem temperar o caldeirão de debates que começa a ferver no fogão sucessório de Mato Grosso do Sul. Ainda que ele e o próprio Lula tenham estimulado Delcídio a construir livremente suas alianças, o pré-candidato petista sabe estar perto de um cenário delicado. Enquanto avança no Estado a ideia do acordo pela “aliança branca” com Reinaldo Azambuja, em âmbito nacional também prospera a mobilização tucana pela candidatura presidencial do mineiro Aécio Neves. Começou esta semana a nova e mais incendiária carga tucana contra o PT e o petismo, tendo como alvos principais o ex-presidente Lula e sua sucessora, Dilma, que tentará a reeleição. A ordem do Supremo Tribunal Federal para a prisão dos envolvidos no chamado “mensalão petista” serve de indutor e inspirador da verborragia tucana, que não vai economizar tempo nem adjetivos para desqualificar os petistas. O pífio desempenho de Aécio nas pesquisas é outro motivador. Delcídio recebeu do partido, no recente processo de escolha dos dirigentes municipais e estaduais, o aval que precisava para legitimar suas articulações na busca de aliados fora do eixo de ação ideológica e política do PT. Não se sabe ainda se o PSDB dará a Azambuja idêntica habilitação. Os dois partidos, nacionais, tendem a contentar-se com o saldo de um inusitado custo-benefício se essa insólita costura for vitoriosa: os petistas recuperam o poder político estadual e os tucanos ganham um senador a mais para, confirmadas as pesquisas, atormentar a vida da presidenta Dilma. Neste pedregoso terreno de interesses em que o regional se confunde ou se confronta com o nacional, cogita-se em Mato Grosso do Sul uma campanha para tirar de vez do poder o PMDB, aliado nacional estratégico do PT. A disputa local de adversários inconciliáveis dá a última palavra: aproxima o PT de Dilma e Delcídio do PSDB de Azambuja e Aécio. Falta saber como é que o eleitorado entenderá esta solução e qual será o discurso de cada um dos seus protagonistas. Edson Moraes