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RONNIE LESSA

Assassino de Marielle e Anderson, ex-PM fará 3ª delação; clã bolsonaro se agita

Vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março de 2018

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O ex-PM carioca e bolsonarista Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora do PSOL, Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes, teria fechado uma acordo de delação com a Polícia Federal. A informação foi divulgada na noite do domingo (21.jan.24) pelo colunista Lauro Jardim do O Globo.

Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018. O carro em que estavam foi atingido por 13 disparos. A vereadora foi seguida desde a Lapa, no centro do Rio, onde participava de um encontro político. A arma usada no crime foi uma submetralhadora HK MP5 de fabricação alemã.

Depois da prisão de Lessa e Élcio, ao longo dos 4 anos do governo de Jair Bolsonaro, as investigações ficaram estagnadas, mas em 2023, no primeiro ano do 3º governo do presidente Lula (PT), voltaram a avançar.  

Apesar de citar a delação, o colunista observou que a mesma ainda não foi validada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os investigadores esperam que as informações fornecidas pelo ex-PM possam identificar os mandantes das mortes de Marielle e Anderson, que completam seis anos em 2024.

Desde que foi executada, Marielle foi alvo de diversas fake news produzidas pela extrema direita. O Instituto Marielle Franco preparou uma lista em que desmente as principais fake news usadas para atacar a memória da vereadora que teve um legado de luta pela justiça social. Veja a lista de fakes desmentidas aqui

Viu alguma calúnia sobre Marielle Franco circulando em algum lugar? Denuncie AQUI

3ª DELAÇÃO

Os dois principais suspeito de executar Mariele e Anderson são o ex-policial militar Élcio Queiroz e o Policial Militar reformado Ronnie Lessa. Eles estão presos desde março 2019 e foram identificados como executoras um ano após o duplo assassinato.  

Élcio e Lessa aguardam júri popular. Em setembro de 2022, a Justiça do Rio de Janeiro rejeitou um recurso da defesa e manteve as prisões. Eles são réus por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio e receptação.

O ex-policial militar Élcio Queiroz firmou uma delação premiada com a Justiça ...O ex-policial militar Élcio Queiroz firmou uma delação premiada com a Justiça.

Quase no fim do primeiro semestre do governo do presidente Lula (PT), o então ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que Élcio Queiroz firmou delação e confessou sua participação na assassinato da vereadora e do motorista. Élcio afirmou que a execução foi feita por Lessa e revelou a participação do ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Corrêa. No mesmo dia em que Élcio delatou, na 2ª feira (24.jul.2023), como mostramos no MS Notícias, foi deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público do Rio de Janeiro, a 1ª fase da Operação Élpis (a deusa grega da esperança), que resultou na 2ª prisão de Maxwell, conhecido pelo apelido Suel.

Élcio alegou que apenas dirigiu o carro utilizado no crime e que o veículo pertencia a Suel. O ex-bombeiro já havia sido preso pela 1ª vez em junho de 2020, depois de ser liigado ao crime. Na ocasião, acabou condenado há 4 anos de prisão em 2021 por atrapalhar as investigações, mas cumpria a pena em regime aberto.

Levado ao regime fechado, Suel foi o 2º a aceitar acordo de delação.  

Se a informação de Lauro Jardim se concretizar, Lessa será o 3º do grupo criminoso a aceitar fazer delação. 

Ligado aos bolsonaros, Lessa era o 'intermediário' entre o mandante, Suel e Élcio. Se aprovada, a delação de Lessa dará detalhes sobre o mandante e os financiadores do assassinato da vereadora e do motorista.

O clã Bolsonaro está agitado, pous Lessa era vizinho do então deputado federal Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro. Os dois também eram conhecidos por frequentar os mesmos círculos sociais. Nos bastidores, há o temor de haver qualquer relação da ex-família presidencial com o crime contra a vereadora de esquerda.  

FIM DO CASO 

O caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes foi federalizado em fevereiro de 2023. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, já declarou que a investigação será encerrada até março deste ano.

FAMÍLIA BOLSONARO E MILÍCIAS: ENTENDA A CONEXÃO

Adriano Magalhães da Nóbrega foi apresentado a Flávio Bolsonaro no início dos anos 2000 por Fabrício Queiroz, ex-policial militar e amigo íntimo da família Bolsonaro por mais de 30 anos. Queiroz tem sua própria história com a família bolsonaro, veja aqui.  

No ano passado, Queiroz se tornou suspeito de desviar dinheiro através de um esquema de "rachadinha". Para se esconder do Ministério Público, Queiroz se refugiou na favela Rio das Pedras, controlada pela milícia. Este ano, confessou ter desviado o dinheiro.

Nos últimos anos, várias especulações têm surgido em relação à conexão entre a família Bolsonaro e a milícia carioca. Embora algumas dessas afirmações possam ser infundadas, há alguns fatos importantes que merecem atenção:

  • Em 2003, Flávio Bolsonaro homenageou Adriano Magalhães da Nóbrega, um ex-policial militar e miliciano, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
  • Em 2004, após a prisão de Adriano por assassinato, Flávio concedeu-lhe a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria do parlamento fluminense. No mesmo ano, Jair Bolsonaro fez um discurso na câmara pedindo a reversão da condenação de Adriano.
  • Em 2007, Flávio nomeou a esposa de Adriano como assistente.
  • Em 2008, após a prisão temporária de Adriano por tentativa de assassinato, Flávio votou contra a CPI das milícias.
  • Também em 2008, Jair Bolsonaro fez um discurso na câmara criticando a CPI das Milícias.
  • Em 2011, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada por milicianos e Flávio tuitou que a maneira absurda e gratuita como ela humilhava policiais durante as sessões contribuiu para criar muitos inimigos.
  • Naquele mesmo ano, Adriano foi preso novamente pela tentativa de assassinato de 2008.
  • Em 2014, Adriano foi expulso da corporação por atuar como segurança da máfia dos caça-níqueis e Flávio foi o único deputado a votar contra a CPI para investigar autos de resistência.
  • Em 2016, Flávio nomeou a mãe de Adriano como assistente.
  • Adriano ficou foragido até fevereiro de 2020, quando foi morto por policiais militares em suposto confronto no interior da Bahia.

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Embora estas informações possam ser consideradas meras coincidências, é importante manter um olhar crítico sobre as relações da família Bolsonaro com a milícia carioca.