23 de abril de 2024
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Espetáculo revive memórias e trabalhadores da Ferrovia Noroeste do Brasil

Grupo documentou relatos sobre a comunidade de trabalhadores da antiga estrada de ferro durante 6 anos; hoje (23. abril) é o último dia de apresentação

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O grupo Teatro Imaginário Maracangalha faz hoje (23. abril) a última apresentação do espetáculo “Miragens do Asfalto” às 20h no canal do YouTube ou no Facebook. O espetáculo teve estreia no dia 21 de abril na plataforma virtual. 

Segundo os criadores de Campo Grande, o espetáculo é um projeto de pesquisa etnográfica e montagem de cenas curtas, itinerantes e performativas baseado em documentação histórica e na memória oral da comunidade de trabalhadores e trabalhadoras da antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil. Estão incluídos depoimentos de moradores da região do Cascudo, no Bairro São Francisco, na Capital.

A criação audiovisual é classificada pela equipe como um vídeo-arte documental e apresenta as narrativas cotidianas de vida dos trabalhadores ferroviários da década de 70 até os dias atuais, abrangendo as relações de trabalho e a transformação de seu território diante a privatização, especulação imobiliária e desmonte do patrimônio material e imaterial daquela região.  

De acordo com o diretor do Maracangalha, Fernando Cruz, a pesquisa sobre os trabalhadores levou seis anos para ser montada e saiu do papel para o universo virtual. “A gente sabe que os trabalhadores da Ferrovia construíram direta e indiretamente a cidade e sabemos também da importância que foi, em questão de potência econômica, a Ferrovia Noroeste do Brasil, por isso poder da voz a memória dessas pessoas que transformaram a cidade é o grande chamariz deste projeto”, comentou o diretor.

Por conta da pandemia da Covid-19, o espetáculo que seria presencial foi transformado para o audiovisual. 

As cenas curtas e performáticas fazem parte do processo de pesquisa para construção de um espetáculo de rua a ser criado futuramente.

SOMANDO FORÇAS

Informações sobre como e onde assistir o espetáculo estão nesse banner.  O Teatro Imaginário Maracangalha sentiu a necessidade, diante da pandemia do novo coronavírus, de trabalhar a arte contemporânea de forma mais colaborativa, ou seja, “contar a história da cidade usando tecnologia e experimentando outras linguagens e evoluindo para poder fazer uma arte transformadora”.

Nesse processo de criação colaborativa o grupo parte para pesquisa do Vídeo Mapping como arte e intervenção urbana com a parceria do grupo Algo+Ritmo, grupo de pesquisa em processos digitais de projeto e intervenções urbanas, vinculado ao curso de arquitetura e urbanismo da UFMS.

O grupo de pesquisa Algo+Ritmo é coordenado pelos professores Gilfranco Alves, Juliana Trujillo e Mayara Dias e se dedica à pesquisa sobre o tema dos processos de projeto e intervenções urbanas em Arquitetura e Urbanismo a partir do uso da mediação digital.

Fernando ressaltou ainda que, além dar visibilidade à memória dos trabalhadores da ferrovia que tem grande importância na construção da cidade, o projeto contribui para fomentar o teatro de rua como modo de preservação e valorização do patrimônio histórico nacional unindo arte e tecnologia ampliando a reflexão sobre a cidade em que vivemos e queremos.

“E graças à política pública a gente ainda pode fazer uma arte crítica e criativa para abordar isso, trazendo uma reflexão para criar esperanças, entendendo como foi o passado, como é o presente e imaginando como podemos transformar o futuro. Esse trabalho é muito importante porque damos um salto, usando tecnologia, imagens projetadas, maior alcance e maior impacto, para poder provocar reflexão em quem for assistir”, finaliza Cruz.

A pesquisa etnográfica realizada pelos atores do Teatro Imaginário Maracangalha está integrada às fontes históricas da Associação dos Ferroviários Aposentados, Pensionistas, Demitido e Idosos (AFAPEDI) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). “É fundamental a política pública emergencial através do incentivo da Lei Aldir Blanc do Governo Federal e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Prefeitura de Campo Grande”, finalizou. 

O espetáculo tem na ficha técnica: 

  • Direção: Fernando Cruz
  • Dramaturgia: Fernando Cruz em processo colaborativo com o grupo
  • Atuadores: Ariela Barreto, Fernando Cruz, Fran Corona, Moreno Mourão, Paulo Augusto Fernandes, Pepa Quadrini e Rodrigo Nantes
  • Video Mapping: Algo+Ritmo
  • Arte Gráfica: Maíra Espíndola
  • Figurino: Atelie Ramona Rodrigues
  • Filmagem/Edição e Fotografia: Uári de Arruda