26 de abril de 2024
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ELEIÇÃO SENADO

Pela 2ª vez empurrada para escanteio, Tebet lança candidatura solitária

Nesta 5ª-feira (28.jan), ao lançar sua candidatura solo a Senadora disse que há um "jogo" para transformar o Senado em "apêndice" do Executivo. Na prática, a Senadora alertou que Bolsonaro quer a Casa de Leis como um 'puxadinho' do Planalto

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A senadora Simone Tebet (MDB-MS) comunicou nesta tarde, de 5ª-feira (28.jan.21) que a sua candidatura à presidência do Senado passa a ser independente a partir de agora. Ela foi a abandonada pelos emedebistas que assinalam negociações com Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que é também o candidato que tem apoio de governo do presidente Jair Bolsonaro, do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e ao menos nove partidos.  Essa é a 2ª vez que o MDB empurra Tebet para o escanteio.

O MS Notícias alertou em reportagem publicada em 21 de janeiro desse ano que Pacheco tinha conseguido alianças com a oposição ao governo, fechando bancada com o PT e PDT. E também apontou que para a maioria homem na Casa de Leis, a candidata enquanto mulher não pode ter apoio.A bancada feminina no Senado tem 12 senadoras entre elas a Soraya Thronicke (PSL), que não votar na colega sul-mato-grossense, pois deve voltar no candidato do planalto. De MS, há também  Nelsinho Trad (PSD) já sinalizou que apoia Pacheco. O percentual de mulheres na Casa corresponde a 14,8% do total de 81 cadeiras, percentual bem abaixo da proporção de mulheres na população brasileira, em que elas são mais da metade. 

Tebet por sua vez em entrevista no dia 21 de janeiro, sabendo que não tinha apoio do Planalto disse que não seria “saudável” um impeachment de Jair Bolsonaro nesse momento. “Não acho saudável hoje para o Brasil falar em impeachment. Não é o momento, nós temos que estar unidos num esforço muito maior contra o inimigo mortal”, disse a senadora. Ela também, naquela ocasião, pregou união e alertou sobre a importância da independência no Senado. 

Nesta 5ª-feira (28.jan), ao lançar sua candidatura solo a Senadora disse que há um “jogo” para transformar o Senado em “apêndice” do Executivo. Na prática, a Senadora alertou que Bolsonaro quer a Casa de Leis como um ‘puxadinho’ do Planalto. "Veio o jogo de quererem transformar o Senado em um apêndice do Executivo e, dentro disso, vocês podem interpretar da forma que bem entenderem. E a partir daí começaram outras negociações”, acrescentou.

Ontem, quarta-feira (27), o líder do MDB, Eduardo Braga (AM) apontou falta de apoio à candidatura de Simone Tebet no partido e passou a negociar com Pacheco e com Alcolumbre cadeiras na Mesa Diretora do Senado e no comando de comissões. A bancada do MDB é a maior do Senado (15 membros), mas a senadora não tem o apoio unânime dos colegas de partido. “Há dois anos, eu abri mão da minha candidatura em nome de um projeto do candidato e atual presidente Davi Alcolumbre, que, entre outros compromissos, assumiu o compromisso conosco da independência do Senado. Hoje, a independência do Senado Federal está comprometida. Comprometida pela ingerência porque temos um candidato oficial do governo federal e isso é visível diante da assertiva e dos anúncios feitos por colegas em relação à estrutura e ao apoio e os pedidos de ministros, de ministérios, pedindo apoio para o candidato oficial do governo”, disse Simone Tebet.

Ela afirmou que se lançou candidata "sem nenhuma condicionante".

Em dezembro, o MDB divulgou carta na qual dizia estar unido e que teria um candidato próprio na disputa. Em 12 de janeiro, a legenda anunciou Tebet como a candidata da sigla.

Questionada se permanecerá no MDB, Simone disse que tem história no partido e quer continuar na sigla. Mas deixou o futuro na legenda incerto.“Eu não posso dizer neste momento da minha permanência ou não. Hoje, eu estou no MDB. Quero continuar no MDB. Se a partir de março continuarei, o tempo dirá, a depender muito mais de questões regionais do que de questões nacionais”, afirmou.

REINCIDENTE 

Esta não é a primeira vez que Simone Tebet tentou ser a candidata do MDB na eleição para a principal cadeira do Senado.

Em 2019, a parlamentar do Mato Grosso do Sul disputou internamente a indicação da sigla, mas foi derrotada pelo ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL).

O racha na bancada naquela ocasião abriu espaço para a eleição de Alcolumbre, que acabou contando com o apoio de Simone Tebet.