26 de abril de 2024
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Imobilismo da Câmara reflete temor em relação à imagem e às urnas

Sem noção da realidade, da liturgia do cargo, de administração, até mesmo de ética, Gilmar Olarte parece fazer outros dois poderes temerem expor Campo Grande.

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Chegou o limite. Assim parece que estão entendendo alguns dos vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande. Num primeiro momento, entenderam por bem interromper a administração democraticamente eleita de Alcides Bernal (PP), pelos erros administrativos de sua gestão e pela falta de diálogo entre os poderes. Agora, traídos pelo atual prefeito Gilmar Olarte, que sequer partido tem e é refugado por todos aos quais se ofereceu, que causou um rombo nas finanças públicas sem que tivesse apresentado uma única obra que mereça destaque, e que tenta submeter a Câmara aos seus caprichos, chegam ao limite do politicamente aceitável e iniciam uma revolta silenciosa.

Olarte pede e promete; pede prazos e promete ações. Reduz salários, esvazia setores fundamentais, mas nomeia a cada dia, todos os dias; promete ações e realiza eventos para assinaturas de contratos e anunciar ações que são funções cotidianas das secretarias. Não informa à Câmara, desobedece leis, ensaia diálogos que nunca faz. Como explicar, então, o imobilismo dos vereadores.

Alguns, não têm bandeiras ou ideologias, fazem daquela casa um grande balcão de negócios que lhes renda o suficiente para conqui$tar votos. Outros são franca oposição, mas minoria, o que torna suas denúncias uma ação inoperante. Grande parte, tentou quase que desesperadamente proporcionar ao inexperiente, inoperante e incompetente governo municipal, subsídios para uma mínima governabilidade.

A primeira atitude, que insistem em dizer correta – a cassação de Alcides Bernal por erros administrativos, comuns a todas as gestões públicas e que normalmente são resolvidas pelos Tribunais de Contas sem que os prefeitos sejam destituídos – foi um choque político e administrativo. Mais realista que o Rei, aquela Casa que faz ouvidos de mercador às denúncias contra seus próprios membros, optou pela filosofia rasteira do “vereador gosta de vereador”. No entanto, se uma ação causou tantas atribuições, uma segunda ação na mesma direção e sentido, poderia representar um caos ainda maior.

Tentaram e tentam proporcionar uma mínima governabilidade ao prefeito Olarte, mas ele não teve a grandeza de humildemente aceitar a mão estendida. Agora, parece que o limite está preste a ser rompido.

Baseada nos números apresentados, e à ameaça de convulsão administrativa, a Câmara parece disposta a impedir o prosseguimento deste desgoverno que poderá fazer de Campo Grande, além de próxima da falência até a posse do futuro prefeito em 2017, também ingovernável nos próximos anos. Parece que o basta de desmandos é definitivo.

Se havia o temor em relação à imagem da Casa e dos vereadores que a compõem, e mais ainda em relação ao resultado das urnas caso essa legislatura fosse responsável por duas cassações, a do prefeito eleito e a do que assumiu à reboque, parece que o sentimento de civilidade se sobrepôs a tudo isso, afinal.

As cobranças têm sido mais intensas, e o cerco ao prefeito, para que ele tenha a exata noção de suas responsabilidades e limites, parece ter começado. Agora sem aceitar as promessas que não venham acompanhadas de ações.

É aguardar para ver. Mario Cesar, presidente da Câmara, ainda que tenha evitado assumir outra posição que não a de magistrado imparcial, resolveu partir para o ataque, indicando claramente a posição a ser assumida pelos demais membros do poder legislativo municipal. Se as conversas entre os vereadores davam conta de que faltava vontade política para ações mais enérgicas, agora há mais que vontade, é decisão.

Antes que Olarte seja o responsável por apagar as luzes do Paço Municipal porque seria o último a abandonar a prefeitura, aguardamos que os vereadores da base aliada, exceto aqueles poucos fisiológicos, reencontrem o caminho do povo, releiam os cadernos legais que “a democracia como um governo em que a soberania é exercida pelo povo”  se sobreponha ao “vereador gosta de vereador”, e salvem a si próprios e, mais importante, a Prefeitura de Campo Grande.