25 de abril de 2024
Campo Grande 31ºC

OBRAS PÚBLICAS | CAMPO GRANDE

"Investimento para educar gerações": conheça o Aquário do Pantanal

Um dos maiores aquários de água doce do mundo, localizado em Campo Grande, deve ser entregue no início de 2022

A- A+

“Educará gerações, que devolverá cada centavo do contribuinte. Ficará para os netos, bisnetos e todas as gerações futuras. O caminho é trazer para cá as escolas e ensinar para nossas crianças de todas as idades o que é que esteve aqui, antes de aqui ser Mato Grosso do Sul. Isso é da população de MS, não somente para turistas”, opina o professor e pesquisador na área de Aquários, Jules Soto ao receber a reportagem em 27 de outubro para uma visita pela estrutura da obra, uma gigantesca elipse que se projeta nos altos da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande (MS). 

O empreendimento turístico lançado em 2011 chama-se na verdade, Centro de Pesquisa e Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira, conhecido apenas como Aquário do Pantanal. Quando concluído, o local ocupará destaque no turismo mundial, já que será considerado o maior aquário de água doce do planeta. “Não é só um aquário, é um monumento para a cidade”, comparando, por exemplo, ao teatro de Sidney uma potência turística mundial, comentou Soto. 

Consultor responsável pelo Sistema de Suporte de Vida, o professor e pesquisador na área de Aquários, Jules Soto. Foto: Tero QueirozConsultor responsável pelo Sistema de Suporte de Vida, o professor e pesquisador na área de Aquários, Jules Soto. Foto: Tero Queiroz

Inicialmente licitada em R$ 84,7 milhões a obra já sofreu várias alterações e atualmente está orçada em R$ 230 milhões. A previsão de conclusão é em fevereiro de 2022. O prazo formalizado no contrato se alonga até julho do ano que vem, mas a expectativa é terminar cinco meses antes.

Em 8 de maio de 2019 foi anunciada a retomada da obra do Aquário do Pantanal. Foto: Tero QueirozEm 8 de maio de 2019 foi anunciada a retomada da obra do Aquário do Pantanal. Foto: Tero Queiroz

O MS Notícias esteve em visita ao local na quarta (27.out.21), mesma data em que foram anunciadas as conclusões de mais duas frentes de serviço: a de impermeabilização e a de revestimento de alumínio composto (forro e monocapa).

Atualmente o Aquário conta com 13 (treze) frentes de trabalho, tendo:  02 concluídas e 11 em execução. Foto: Tero QueirozAtualmente o Aquário conta com 13 (treze) frentes de trabalho, tendo:  02 concluídas e 11 em execução. Foto: Tero Queiroz

O passeio pelo interior do complexo de 19 mil metros quadrados teve a primeira parada no local onde é o Auditório, que tem como “telão” um gigantesco aquário, que servirá para contemplação das espécies. O espaço tem capacidade para 250 pessoas e depende apenas de acabamento para ativação.

Auditório será usado para recepcionar e explicar o passeio ao visitantes. Foto: Tero Queiroz Auditório será usado para recepcionar e explicar o passeio ao visitantes. Foto: Tero Queiroz 

O ambiente compreende o “Pavimento Central”, que além do auditório tem uma biblioteca e uma bancada de multimídia. De acordo com Jules Soto, a ideia é levar para o local alunos de escolas públicas de modo que eles possam saber mais sobre a história de MS.

Jules Soto e a assessora da Seinfra/Agesul e incumbida da gestão da retomada das obras, Maria Fernanda Balestieri, no Museu Interativo da Biodiversidade tem como principal objetivo divulgar a biodiversidade do pantanal. Foto: Tero QueirozJules Soto e a assessora da Seinfra/Agesul e incumbida da gestão da retomada das obras, Maria Fernanda Balestieri, no Museu Interativo da Biodiversidade tem como principal objetivo divulgar a biodiversidade do pantanal. Foto: Tero Queiroz

A mesma fala é reforçada no local onde é o museu. Ao apresentar o ambiente Soto explica que estão sendo usados equipamentos de última geração para que então possa dar ao visitante a melhor experiência de aprendizado.

Seguindo o passeio, são apresentados os primeiros tanques que estão tendo o interior modelado pela equipe do cenógrafo Roberto Gallo, que em junho de 2020 foi a empresa escolhida pelo governo em licitação de R$ 4,6 milhões, com prazo de 9 meses, para fazer o trabalho de cenografia em 32 tanques do Aquário.

Após seis anos, a estrutura montada pelo Governo do Estado para a conservação e manutenção de 220 espécies de peixes que serão futuramente transferidas para os tanques do Aquário do Pantanal. Foto: Tero Queiroz Após seis anos, a estrutura montada pelo Governo do Estado para a conservação e manutenção de 220 espécies de peixes que serão futuramente transferidas para os tanques do Aquário do Pantanal. Foto: Tero Queiroz 

A reportagem fez algumas imagens de como os ambientes estão no momento, onde serão acolhidas as espécies de peixes a depender de sua cenografia. Gallo explicou que os tanques remetem a vegetações e arbusto presentes no continente em que o peixe habita. 

Imasul - criou o maior laboratório de peixes pantaneiros do mundo, com 150 tanques ativos que abrigam 220 espécies de peixes neotropicais: 151 espécies pantaneiras; 55 da Amazônia; 14 africanas e da Oceania, Ásia e América Central. Foto: Tero QueirozImasul, criou o maior laboratório de peixes pantaneiros do mundo, com 150 tanques ativos que abrigam 220 espécies de peixes neotropicais: 151 espécies pantaneiras; 55 da Amazônia; 14 africanas e da Oceania, Ásia e América Central, que depois serão levados ao tanques do Aquário, assim que as obras forem finalizadas. Foto: Tero Queiroz

Os tanques internos estão divididos em temas como Veredas, Ressurgências, Rios de Cabeceira, Rios de Bonito, Rios do Pantanal, Planície Inundada, Rio Paraguai, Itinerante/Piranhas, Banhados/Sucuris e Galeria de Biodiversidade dos cinco Continentes, entre outros.

A retomada da obra foi realizada em três fases: a 1º foi de levantamentos, a 2ª de formalização dos memoriais descritivos relacionados aos serviços necessários à conclusão do aquário, e a 3ª,  em andamento. Foto: Tero QueirozHá tanques que serão cheios por completo e tanques cheios pela metade. Foto: Tero QueirozOs tanques totalizam um volume de água de 6 milhões e 275 mil litros. Foto: Tero Queiroz

Gallo é natural de Campinas (SP) e ao longo dos anos ganhou destaque ao desenvolver esculturas de rochas artificiais como base de composição paisagística de habitats aquáticos.

O cenógrafo e artista plástico responsável por toda cenografia dos tanques, Roberto Gallo. Foto: Tero QueirozO cenógrafo e artista plástico responsável por toda cenografia dos tanques, Roberto Gallo. Foto: Tero Queiroz

Os tanques, segundo Gallo, representam paisagens de Bonito, de Rio Negro, do Rio Aquidauana e Rio Miranda. Os tanques também apresentarão os peixes habitantes de diferentes continentes do mundo (serão habitados por mais de 10 mil animais subdivididos em mais de 250 espécies), um grande corredor, lateralizado por tanques temáticos, desemboca no Rio Paraguai.  

Nasce na Chapada dos Parecis, no estado de Mato Grosso e banha também o estado de Mato Grosso do Sul. Suas duas margens são brasileiras. Faz fronteira do Brasil com a Bolívia só num trecho ao sul da Bolívia. Foto: Tero QueirozO Rio Paraguai nasce na Chapada dos Parecis, no estado de Mato Grosso e banha também o estado de Mato Grosso do Sul. Suas duas margens são brasileiras. Faz fronteira do Brasil com a Bolívia só num trecho ao sul da Bolívia. Foto: Tero Queiroz

Neste momento o visitante se verá numa inversão de papéis, pois, andará sob as águas em um tanque em acrilico com 1,5 milhão de litros de águas, em formato de túnel. Sendo assim observado pelas especiais. O local contém uma acústica ímpar, que entrega a sensação real de estar no fundo do rio. Veja as imagens abaixo:

Em seu percurso inicial (cerca de 50 km) tem o nome de rio Paraguaisinho, mas logo passa a ser conhecido como rio Paraguai, percorrendo um trajeto de cerca de 2.621 Km até sua foz, no rio Paraná. Foto: Tero Queiroz Em seu percurso inicial (cerca de 50 km) tem o nome de rio Paraguaisinho, mas logo passa a ser conhecido como rio Paraguai, percorrendo um trajeto de cerca de 2.621 Km até sua foz, no rio Paraná. Foto: Tero Queiroz 

Já os tanques externos, ao ar livre, há tanques compostos por temas como Baías Cachoeiras, Orquidário, Banhado, Terras Alagadas e Jacarés.

Depois disso, a reportagem foi levada ao local no subsolo do prédio, onde estão os equipamentos que manterão a água tratada, os tanques em movimento são, de acordo com Soto, o "coração do Aquário". 

 “Os materiais são todos da melhor qualidade. Não existe nada no Brasil comparável a esse aquário", disse Soto, durante a a apresentação dos equipamentos.  Foto: Tero Queiroz

O professor comentou que será de muita valia a educação se os visitantes puderem ter a experiência de conhecer o local das máquinas, de modo que eles saibam quanta tecnologia está sendo empregada para manter a vida a poucos metros acima. "Vamos ter que pensar numa forma de trazer as pessoas aqui.  E como isso pode ser feito com segurança.. Trazer as escolas, os turistas, para as pessoas pensarem aqui quanta tecnologia, quanta engenharia, seria o grande diferencial aqui. O nosso objetivo aqui é entregar o Aquário, mas entregar de uma forma responsável, continuar acompanhando. Que esse dinheiro do contribuinte volte através dos filhos, dos netos e dos bisnetos. E que valha muito a pena o que foi investido aqui", finalizou Soto.  

A ação de receber a imprensa no Aquário visa informar sobre o andamento das obras. O empreendimento agora está na carteira do programa "Obras Inacabadas Zero" - que visa concluir todas as obras inacabadas do Estado. O estado lançou o site: https://aquariotransparente.ms.gov.br/ para a população acompanhar o cronograma.