24 de maio de 2025
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VIDA SELVAGEM

Onça que matou caseiro chega ao Cras da Capital para avaliação veterinária

Animal será submetido a uma série de exames

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A onça-pintada que atacou e matou o caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, foi capturada por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) na madrugada desta 5ª feira (24.abril.25), na mesma região do ataque, próximo ao pesqueiro Touro Morto, zona rural, de Miranda, no Pantanal sul-mato-grossense. O animal foi encaminhado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande, onde passará por exames e avaliação clínica.

O felino, um macho de 94 quilos, está abaixo do peso ideal — cerca de 120 kg — e será submetido a uma série de exames veterinários. “Como é um caso muito atípico, a partir da avaliação clínica e de sanidade, vamos ver qual doença ele tem, porque não é normal o animal desse porte estar tão magro”, explicou o professor Gediendson Araújo, do Reprocon (Reprodução para Conservação), que participou da operação de resgate.

A captura ocorreu com uso de armadilhas na mesma área onde o animal foi avistado dias antes. “É o mesmo animal que estava na área, porque a gente viu as pegadas, era o mesmo biótipo”, afirmou Araújo.

A ação contou com apoio do Imasul, da UFMS e do ICMBio, além do trabalho de campo coordenado pela PMA. Segundo o tenente Alexandre Saraiva Gonçalves, comandante do pelotão de Porto Murtinho, o caso pode estar ligado à prática ilegal de ceva — alimentação artificial usada para atrair animais. “A ceva é uma ação proibida na legislação estadual e federal”, pontuou.

A Polícia Civil também acompanha o caso e realiza investigação para confirmar a autoria do ataque. O delegado responsável já afirmou que os indícios apontam para um incidente causado por animal silvestre.

O animal permanecerá no Cras até a conclusão dos exames. Em seguida, poderá ser incorporado a programas federais sob responsabilidade do ICMBio. “Estamos tratando de um incidente que teve uma vítima, então nesse momento todo o nosso respeito à família do Jorge”, declarou o secretário-executivo da Semadesc, Artur Falcette. “Vamos tratar com rigor da lei qualquer ação ilegal de caça ou retaliação ao animal.”

O ataque fatal ocorreu na madrugada do dia 21 de abril. Jorge Ávalo foi dado como desaparecido e encontrado morto no dia seguinte. Durante as buscas, uma das equipes chegou a ser surpreendida por uma onça, reforçando a suspeita de ataque do felino.