Conforme relatos de quem vê o problema de perto, o chorume do lixão de Campo Grande está causando danos ambientais maiores do que se imagina. Além de contaminar solo, subsolo e o rio Anhanduizinho, o resíduo do lixo não tratado, conhecido como chorume, tem causado morte de animais de produtores da região.
Um dos proprietários das áreas próximas ao lixão relatou ao MS Notícias que perdeu 70 porcos e algumas cabeças de gado. Todos mortos pela contaminação do chorume. Esta é uma das propriedades que fazem divisa com área do lixão, que engloba os aterros sanitários Dom Antonio Barbosa I e II e a área de transição, que segundo denúncias, que estão sendo apuradas pela justiça, se tornou um lixão improvisado.
Basta ir ao local para constatar que o lixo acumulado está colado da grade que separa a área do aterro sanitário e a propriedade, fazendo com o que resíduos ecoem diretamente para o solo da propriedade. Além de afetar os animais, os resíduos têm afetado também o córrego Formiga que está dentro da propriedade particular vizinha e também atingiu o Rio Anhanduí, que fica na região do Anhanduizinho. O problema foi constatado há pelo menos seis meses, porém, a CG Solurb não tomou providências até o momento.
?No dia sete de abril deste ano, o empresário Thiago Verrone de Souza, autor de Ação Popular que pede perícia no local do aterro para constatação de poluição do solo, subsolo e rio, ingressou com novo pedido para que a região da Lagoa de Decantação do aterro seja periciada pelo Ibama também, depois de constatar o vazamento de chorume no local. Isso porque, conforme denúncia publicada na sexta, dia 10 de abril, pelo MS Notícias, o sistema de decantação não foi construído de forma correta e tem permitido vazaento do chorume diretamente ao solo, contaminando subsolo e também lençois freáticos da região.
Agora, o Ibama deverá periciar toda área do lixão para confirmar, por meio de provas físicas, se há de fato contaminação do solo e do rio Anhanduiznho. A suspeita é que devido à falta de impermeabilização adequada do solo da área do lixão, há vazamento de chorume. Segundo denúncias, a Solurb, que venceu licitação que lhe assegura R$ 9 milhões por mês, em contrato com duração de 25 anos, não utilizou mantas de isolamento de 2mm e sim de 1,5mm.
Outro ponto apontado na ação popular é que a área de transição, onde o solo está sem isolamento, se tornou, há cerca de três meses, um noov lixão, o que, por lei, não poderia acontecer, uma vez que a determinação judicial prevê apenas que o lixo seja depositado no local e no mesmo dia depois da ação dos catadores de lixo seja transferido para o aterro Dom Antonio Barbosa II, justamente para evitar contaminação do solo, subsolo e lençois freáticos da região.
A Solurb é de propriedade do empresário Luciano Dolzan, casado com filha do empreiteiro João Amorim, irmão da deputada estadual Antonieta Amorim, que é ex-esposa Nelsinho Trad, prefeito que assinou contrato com a empresa.
O contrato firmado entre a CG Solurb e Prefeitura, em 2012, pelo então prefeito Nelsinho Trad (PmDB), denota uma série de irregularidades que ainda hoje são contestadas na justiça por meio de Ação Popular que aponta prática de favorecimento por parte da prefeitura da Capital para que o consórcio saísse vencedor. A justiça estadual havia concedido parecer favorável à Solurb, porém o processo agora tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).
